Paraibana ganha o mundo com projeto que transforma nossa relação com os alimentos

Quem vê o sorriso no rosto de Regina Tchelly nem imagina que a simpatia é apenas uma das inúmeras qualidades desta paraibana, que há 14 anos chegou ao Rio de Janeiro para trabalhar como empregada doméstica. Ao longo do tempo, sua cultura e criação esbarraram na quantidade de desperdício de alimentos que encontrou na nossa Cidade Maravilhosa. Foi aí que ela teve a ideia de juntar R$ 140,00 e promover a primeira oficina do Favela Orgânica, com o objetivo de ensinar moradores da comunidade da Babilônia e Chapéu Mangueira  a aproveitarem os alimentos em sua totalidade.

Não demorou muito para Regina e sua Favela Orgânica conquistarem o Brasil e o mundo – em um ano, o Favela Orgânica foi à Europa participar de um dos maiores eventos de gastronomia do mundo, o Slow Food. Dona de uma personalidade forte e cheia de muita alegria, veja como Regina Tchelly se tornou uma embaixadora da sustentabilidade e do ciclo do alimento.

Como surgiu o Favela Orgânica?

Regina Tchelly: Surgiu pela minha experiência como cozinheira, aliada à vontade de trabalhar com a alimentação de um jeito diferente, com respeito à vida e ao próprio alimento – principalmente aqueles que são desperdiçados. O grande desperdício de alimentos no Rio de Janeiro me chamou a atenção.

Como assim?

Regina Tchelly: Na Paraíba, onde nasci, é normal usar a maior parte do alimento, seja para o consumo humano, de animais domésticos ou como adubo orgânico. Da polpa à casca, o alimento é um conteúdo, um complexo. Por isso, a ideia do Favela Orgânica é devolver à terra o que ela nos dá.

E a profissionalização dessa ideia?

Regina Tchelly: Cheguei ao Rio há de 14 anos e trabalhei por 10 como empregada doméstica. Em 2011, percebendo a necessidade de discutir melhor o ciclo orgânico, fundei o Favela Orgânica. Ele existe para apontar possibilidades de levar mais comida à mesa sem desperdiçar, além de promover noções sobre como devolver o alimento à terra pela compostagem.

O que esse projeto tem de tão especial, que vem chamando a atenção de tanta gente no Brasil e fora dele?

Regina Tchelly: É um projeto verdadeiro. Quando falamos do ciclo do alimento, também estamos falando do ciclo da vida. O Favela Orgânica não tem teoria, é tudo na prática. Também apostamos em uma aproximação muito grande entre o homem e o meio ambiente.

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Regina em Paris, na França. Foto: Divulgação Favela Orgânica

Como você se define hoje? Cozinheira, chef, empreendedora…?

Regina Tchelly: Como uma delícia de pessoa! (risos) É sério, eu me defino como uma mulher que vive a prática de uma vida orgânica, que busca o prazer, o amor e o resgate em tudo o que faz. Essa é a minha causa.

E o que ainda falta conquistar?

Regina Tchelly: Tenho vários projetos, mas um que considero bem audacioso é fazer com que o ciclo do alimento se torne disciplina obrigatória nas escolas brasileiras. Gostaria que os estudantes pudessem desenvolver noções de compostagem, cultivo e aproveitamento integral. Outro projeto é tornar o Favela Orgânica um instituto, com escolas de sustentabilidade nas favelas do Rio de Janeiro.

Que mensagem deixa aos nossos leitores?

Regina Tchelly: Que as pessoas se amem mais, acreditem mais em si e vejam que depende de nós ajudar o planeta a ser um ambiente melhor. Se cada um adotar atitudes menos egoístas e for capaz de se doar mais, todos serão beneficiados.

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