Uma reflexão sobre como a sustentabilidade se mostra presente nos condomínios atualmente

Painel das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), C40 – iniciativa que começou com 40 cidades e hoje atinge, com extrema eficiência, centenas de cidades em mais de 50 países e tem como presidente o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes.  São inúmeros e intermináveis fóruns, congressos e encontros promovidos por entidades de classe, associações, conselhos e sindicatos. Na imprensa, o assunto é intensamente abordado e divulgado: sustentabilidade! Tratado desde os anos 70, teve em 1992 seu primeiro grande marco aqui, no Rio de Janeiro, com a Rio 92.

Hoje respiramos aliviados? Os paradigmas foram quebrados e podemos dizer que a humanidade entendeu claramente a importância das questões de meio ambiente, da preservação ambiental e suas vantagens sócio econômicas? Inacreditavelmente NÃO! Infelizmente não é raro encontrar pessoas e empresas que ainda pensam que é injusta a proibição do desmatamento de faixas de terra ao redor de nascentes ou margens de rios, que a correta destinação dos resíduos nas obras atrapalha a logística do canteiro, que as ações ambientais trazem prejuízos econômicos e que sustentabilidade é papo de ecologistas chatos.

Há exatos 10 anos, quando a Casa do Futuro foi fundada, batíamos nas portas de condomínios, incorporadoras, construtoras e escritórios de projeto e estas se fechavam. Hoje, estas empresas batem à nossa porta e ao perguntarmos por que estão procurando sustentabilidade, muitas vezes as respostas são: “meu cliente solicitou uma certificação ambiental” ou “o mercado quer imóveis sustentáveis” ou “preciso de um diferencial de vendas” ou “foi ordem da presidência da empresa”. No ano passado, em visita a uma obra em Los Angeles, a mesma pergunta foi feita ao construtor: “Por que você implementa todas estas ações de sustentabilidade?” e a resposta foi: “porque é o jeito certo, mais produtivo, mais seguro, mais lucrativo e eficaz de fazer as coisas!” A construtora em questão é um caso de sucesso há mais de cem anos no mercado.

Temos que acreditar que, em mais alguns anos, não será mais necessário convencer ninguém dos benefícios da sustentabilidade social, ambiental e econômica e, essencialmente temos que manter o otimismo e a força de vontade. Continuemos a dar  palestras, escrevendo artigos e disseminando números e estudos de caso que comprovam os incontáveis benefícios e vantagens econômicas de novos projetos ou condomínios existentes que optaram pelo caminho certo da maneira certa. Aliás, a “maneira certa” é um ponto de ATENÇÃO! Alguns optam, por exemplo, por buscar certificações ambientais sem saber exatamente do que se trata, como fazer e quais são as vantagens. Alguns alocam recursos e esforços sem recolher os benefícios que o processo pode oferecer. Além disso, o mercado ainda sofre com a falta de qualificação profissional e propagandas enganosas.

Apesar de lamentar o nosso atraso, ainda assim, estamos evoluindo! Seja objetivando uma redução de custos operacionais, seja por demanda do mercado ou por posicionamento empresarial, muitos condomínios estão traçando seus planos de gestão ambiental e muitos edifícios sustentáveis estão sendo construídos. De uma forma ou de outra, todos ganhamos. Falta somente fazer com que as pessoas entendam que os fins devem justificar os meios e vice-versa! Com a força e o otimismo inerentes ao brasileiro, comemoremos o Dia Mundial do Meio Ambiente!!!

*Matéria enviada pela arquiteta Rosana Correa, LEED AP BD+C e diretora fundadora da Casa do Futuroempresa especializada em sustentabilidade e tecnologia em edificações

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