“Sustentabilidade é uma luta para todos ao mesmo tempo agora”. Parafraseando a famosa música dos Titãs, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva fez um balanço sobre os desafios da sustentabilidade no Brasil e no mundo em sua palestra de abertura da Greenbuilding Brasil 2015 – Conferência Internacional e Expo, que iniciou sua 6ª edição discutindo o desempenho dos edifícios com certificação LEED no Brasil e apresentando uma nova plataforma que promete ajudar no aumento do número de construções sustentáveis no país, a LEED Dynamic Plaque. Confira agora os destaques do primeiro dia de evento, realizado em São Paulo, no Transamérica Expo Center.

Greenbuilding e a evolução do mercado brasileiro

Com aproximadamente 1.000 projetos LEED certificados e registrados (em andamento) no Brasil, o Green Building Council Brasil e o US Green Building Council têm muito que comemorar. Para o diretor geral do GBC Brasil, Felipe Faria, o mercado brasileiro conseguiu evoluir e permitir que a certificação LEED tenha hoje um caráter local e regional, em escala global. Para Gretchen Sweeney, Vice Presidente do USGBC, “LEED é uma linguagem que usamos para falar sobre construções e como elas podem ser eficientes”.

Desempenho pós-ocupação ainda precisa ser lapidado

Em palestra sobre desempenho de edifícios certificados, Gretchen dividiu o palco com Anderson Benite, diretor da Unidade de Sustentabilidade do Centro de Tecnologia em Edficações – CTE e Debra Gondeck-Becker, especialista em implementação de certificações LEED no mundo e Líder da área de Construção da Honeywell Building Solutions. O trio mostrou, com diferentes exemplos, que a operação dos edifícios tem papel fundamental no desempenho sustentável dos greenbuildings.

 

Foto: USGBC
Anderson Benite. Foto: USGBC

“O que define se uma construção é eficiente não é o nível da certificação. O que importa é como ela está sendo operada na fase de pós-ocupação, fazendo o uso correto da performance instalada na edificação” – explica Anderson Benite, que apresentou dados de consumo de água e energia de pesquisa feita com empreendimentos de clientes CTE, antes e após a entrega das construções. De acordo com Anderson, entre 2014 e 2018, cerca de 800 novos prédios estarão em operação e é preciso saber como obter o melhor desempenho destas novas construções. “Os prédios hoje são bons, mas há muita tecnologia sendo desperdiçada quando a operação não corre de forma correta” – finaliza.

LEED Dynamic Plaque: uma nova forma de incentivar a busca pela certificação

Seu prédio está vivo! Esta é a premissa do LEED Dynamic Plaque, uma plataforma global de monitoramento e desempenho de pontuação para edifícios. Desenvolvida pelo USGBC, esta novidade do mercado de greenbuilding, além de gerar uma corrente de pontuação de desempenho em edifícios, ajuda você a obter a certificação LEED ou buscar a um nível maior de certificação já conquistada, permitindo que você avalie seu desempenho em tempo real.

Assista ao vídeo abaixo (em inglês) e saiba mais sobre esta inovação no mercado de greenbuilding, que promete chegar ao Brasil no próximo ano.

Debra Gondeck-Becker trouxe exemplos de aplicação do LEED Dynamic Plaque em cases da Honeywell Building Solutions, mostrando a diferença de eficiência na operação de edifícios em prédios novos e antigos.

Gretchen Sweeney, Vice Presidente do USGBC ao lado de Debra Gondeck-Becker, especialista em implementação de certificações LEED.  Foto: Alexandre Tavares
Gretchen Sweeney, Vice Presidente do USGBC ao lado de Debra Gondeck-Becker, especialista em implementação de certificações LEED.
Foto: Alexandre Tavares

“LEED Dynamic Plaque nos permite compartilhar o resultado do desempenho dos edifícios com todo mundo, incentivando clientes e usuários a participarem ativamente do processo de eficiência das construções, o que também contribui para uma mudança de hábitos. Acredito que esse é o grande diferencial da plataforma” – afirma Debra, que conversou com a gente sobre suas expectativas em relação ao mercado brasileiro. Confira aqui!

Sustentabilidade – uma visão de mundo

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Marina Silva abriu a sexta edição do evento falando sobre sustentabilidade no Brasil e no mundo. Foto: Alexandre Tavares.

Para Marina Silva, estamos vivendo uma crise civilizatória, causada por um conjunto de outras cinco crises: ambiental, econômica, social, política e de valores, sendo esta última, a base das demais. A ex-senadora defende que estas crises são frutos do sucesso de modelos do passado, que acabam nos levando à repetição e afastando da inovação.

“Não existe troca na mesmice; só existe troca na diferença. Um modelo sustentável transforma vantagens comparativas em vantagens competitivas. Para mim, sustentabilidade é uma maneira de ser, uma visão de mundo, um ideal de vida” – declarou Marina Silva durante a abertura da 6ª Greenbuilding Brasil na manhã que marcou o primeiro dos três dias de Conferência. Para ela, o consumo excessivo ainda é uma grande barreira a ser quebrada para que a sustentabilidade possa integrar o dia a dia dos indivíduos, das empresas e da população em geral de forma mais consistente.

Há limites para ter, mas não há limites para ser. Esse é o tempo da metáfora concreta, em que transformamos um ideal em projeto concreto, mostrando que sonhos e ideias são as matérias-primas mais eficientes que nós temos, sobretudo, em momentos de crise” – finalizou Marina.

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