Em sua quinta edição, a pesquisa realizada pelo Instituto Akatu investigou a evolução do grau de consciência dos brasileiros no comportamento de consumo, além de indicar os principais desafios, motivações e barreiras à prática do consumo consciente. Foram entrevistadas 1.090 pessoas, homens e mulheres, com mais de 16 anos, de todas as classes sociais e de 12 capitais e/ou regiões metropolitanas de todo o País, entre 9 de março e 2 de abril deste ano.

Segundo a pesquisa, houve um crescimento significativo no segmento do consumidor “iniciante”, de 32%, em 2012, para 38%, em 2018 – o que mostra que o momento é de recrutamento dos consumidores indiferentes para hábitos mais sustentáveis de consumo. A pesquisa aponta que são 76% os menos conscientes (“indiferentes” e “iniciantes”) em relação ao consumo e que o maior nível de consciência tem viés de idade, de qualificação social e educacional: 24% dos mais conscientes têm mais de 65 anos, 52% são da classe AB e 40% possuem ensino superior.

O segmento de consumidores mais conscientes (“engajados” e “conscientes”) é majoritariamente feminino e mais velho. Já o segmento dos “indiferentes”, o grupo menos consciente de todos, é majoritariamente mais jovem e masculino.

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Comportamentos de consumo consciente

A consciência dentro de casa, que inclui o comportamento de evitar deixar a lâmpada acesa à toa, por exemplo, é o estágio dos “indiferentes” e “iniciantes”, em que a questão financeira ainda é o principal fator a levá-los a aderir a comportamentos conscientes.

Já os “engajados” estão no estágio do planejamento, uma vez que suas práticas sustentáveis incluem o planejamento de compra de roupas e de alimentos.  Os “conscientes”, por sua vez, têm comportamentos mais ativos, que vão além da casa, incluindo, por exemplo, votar em um político que defende temas sociais ou ambientais.

No caminho da sustentabilidade

O brasileiro prefere claramente o caminho da sustentabilidade ao do consumo. Em um conjunto de alternativas oferecidas aos entrevistados para expressar os dez principais desejos dos brasileiros, os sete primeiros demonstram clara preferência por alternativas que caminham para a sustentabilidade. Enquanto o primeiro lugar é ocupado pelo desejo de “estilo de vida saudável”, o segundo lugar indica o desejo pelo “carro próprio” (consumo). Os três itens seguintes indicam preferência por questões sustentáveis: “água limpa, preservando fontes”, “alimentos saudáveis, frescos e nutritivos” e “tempo para pessoas que gosto”.

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Barreiras e gatilhos para o consumo consciente

O brasileiro deseja seguir pelo caminho da sustentabilidade, explicitando claramente seu desejo de bem-estar na forma de uma vida saudável. Se assim é, o percentual de consumidores “mais conscientes” não deveria ser muito maior que 24%? Por que não é? Para identificar a resposta a essa pergunta, a Pesquisa Akatu investigou o que as pessoas consideram como obstáculos para práticas de consumo consciente.

A principal barreira para hábitos mais sustentáveis é a necessidade de esforço, contemplando os seguintes itens: “exige muitas mudanças nos hábitos da família”, “exige muitas mudanças nos hábitos”, “custam caro”, “exige mais informação sobre as questões/impactos ambientais e sociais”, “é mais trabalhoso” e “são mais difíceis de encontrar para comprar”. Dentre os que concordam que o esforço é a maior barreira, a percepção de que os produtos sustentáveis são mais caros se destaca.

Quanto aos gatilhos que levariam à adoção de hábitos mais sustentáveis, os consumidores valorizam mais aqueles que impactam o mundo, a sociedade. Por isso, a pesquisa classificou os gatilhos em dois grupos: os emocionais (com benefício para os outros, o mundo, a sociedade) e os concretos (com benefícios para mim). O item mais votado da primeira categoria foi “contribui para um futuro melhor para filhos/netos”, enquanto na segunda categoria foi “traz benefícios à minha saúde”.

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Responsabilidade social empresarial

Os consumidores valorizam, segundo a pesquisa, empresas que cuidam mais das pessoas. Entre as oito principais causas que mais mobilizam o consumidor a comprar um produto de determinada marca, cinco estão ligadas ao cuidado com pessoas: atuar no combate ao trabalho infantil; tratar funcionários da mesma forma, independentemente de raça, religião, sexo, identidade de gênero ou orientação sexual; investir em programas de contratação de pessoas com deficiência; contribuir para o bem-estar da comunidade em que está localizada; e oferecer boas condições de trabalho.

Em tempos de fakenews, a credibilidade da fonte da informação é tão relevante quanto a empresa que divulga suas ações. Segundo a pesquisa, 32% dos brasileiros confiam na informação divulgada pela própria empresa; 31% afirmam que a confiança depende de onde veio a notícia. Já como posicionamento mais geral, 59% acreditam que as empresas deveriam fazer mais do que está nas leis e trazer mais benefícios para a sociedade.

Clique aqui para acessar a Pesquisa Akatu 2018.

Fonte: Akatu

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