A geração excessiva de lixo causou, ao longo dos anos, consequências incalculáveis para o meio ambiente. Além da poluição e propagação de doenças infecciosas, as queimas irregulares de resíduos em lixões no Brasil são responsáveis por cerca de 6 milhões de toneladas de gás de efeito estufa ao ano, de acordo com levantamento do Selurb (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana). O debate sobre responsabilidade ambiental nunca foi tão presente e necessário e, como cidadãos, é fundamental que façamos nossa parte. Porque não começar em nossos condomínios?

O sistema de coleta seletiva para reciclagem do lixo se tornou hábito na maioria dos condomínios do país, melhorando a limpeza e desenvolvendo consciência ambiental, entretanto, a técnica de reaproveitamento dos resíduos orgânicos ainda é pouco praticada e divulgada com informações limitadas que inviabilizam o desempenho dessa prática.

A compostagem é o procedimento biológico que transforma os resíduos orgânicos em adubo, ou seja, reaproveita os nutrientes dos “restos de comida” e os leva de volta ao solo. É possível realizar esse processo com a presença ou não de oxigênio, com ou sem auxílio de aceleradores do processo (minhocas californianas), de dentro de casa e também nas áreas abertas desocupadas de condomínios.

O reservatório de decomposição dos resíduos, chamado nesta técnica de composteira, pode ser construído de variados materiais como plástico, tijolos, madeiras, entre outros. Vale ressaltar que, não são todos os resíduos orgânicos que são indicados para serem armazenados. Coloque na sua composteira: restos de alimentos, crus ou cozidos, cascas de ovos, verduras e frutas (de preferência não cítricas), folhas, grama fresca e borra de café.  Não é aconselhável: carnes e fezes animais, podem contaminar o adubo.

A Feira de Condomínios & Encontro de Síndicos 2022, realizada pelo Secovi Rio e Abadi, proporcionou aos participantes, em parceria com o SENAC, a Oficina de Jardinagem com o tema “Compostagem: economia para os condomínios e benefícios para as plantas”, ministrada pela paisagista Mônica Santos.

Paisagista Mônica Santos ministrando Oficina na
Feira e Condomínios & Encontro de Síndicos

De acordo com Mônica, a principal barreira de implantação de compostagem em condomínios é o receio do mau cheiro.

“Por desconhecimento e falta de informação, há grande resistência em adotar a técnica de compostagem nos condomínios em razão do receio dos moradores no aparecimento de vetores, como ratos e baratas, por causa do possível mau cheiro. Porém, se a compostagem for executada da maneira correta, não há motivos para preocupações” afirma a paisagista.

A fundamentação biológica para o mau cheiro causado na decomposição dos alimentos é que, conforme ele apodrece, gradativamente, há liberação de gases em razão da abundância de nitrogênio contido naquele processo. Atualmente, os processos de compostagem realizados em ambientes fechados ou condominiais, utilizam-se de folhas secas ricas em carbono. Ao misturar esses dois componentes, há o controle do nitrogênio, motivo pelo qual o odor passa a não ser muito perceptível.

O processo pode ser realizado através de composteira já fabricada de acordo com a estimativa de lixo orgânico produzido pelo seu condomínio, canteiros no solo ou por empresas terceirizadas especializadas na metodologia. Importante lembrar que, a compostagem resulta não apenas em adubo sólido, mas também em biofertilizantes líquidos naturais que podem ser utilizados para aplicação de plantas.

Benefícios na implantação de técnicas de compostagem em condomínios

Para incluir a compostagem na lista de ações sustentáveis nos condomínios, é necessário fazer o trabalho de educação ambiental com os condôminos e apresentar os benefícios que a técnica traz para o meio ambiente e para a qualidade de vida comunitária.

São eles:

  • Diminuição na quantidade de lixo conduzido aos aterros sanitários;
  • Diminuição na proliferação de vetores;
  • Diminuição nas despesas com operações internas de resíduos (lixeiras para armazenamento, higienização, compra de sacos plásticos);
  • Produção própria de adubo para as áreas plantadas na edificação;
  • Incentivo a responsabilidade ambiental dos moradores;
  • Possibilidade de criação de horta comunitária para os condôminos, viabilizando a colheita de alimentos orgânicos gratuitos no condomínio.

A produção de resíduos sólidos no Brasil é de aproximadamente 82 milhões de toneladas por ano, sendo o sudeste responsável por quase metade desse valor, segundo a ABRELPE – Associação Brasileia de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. De acordo com o Ministério do Meio ambiente 50% dos resíduos urbanos são orgânicos, ou seja, toneladas de restos de alimentos são descartados por ano, superlotando os aterros sanitários e aumentando a produção de gases de efeito estufa. Se cada um fizer sua parte, podemos mudar esse cenário e servir de exemplo para outros fazerem o mesmo. A mudança começa por nós.

FONTE: Revista Secovi Rio

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